Casa do Relógio

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Revivalismo e Abstração

O projeto abrange o lote de um arruinado palacete Neomanuelino – a “Casa do Relógio” –, situado na frente atlântica do Porto, propondo duas atitudes: a reabilitação do edifício preexistente; e o remate arquitetónico da brutal empena do prédio confinante, a sul, permitindo o reenquadramento desse mesmo palacete na envolvente. 

Um programa de hotel ocupa o edifício palaciano, nele fixando os grandes quartos-suíte, o bar-restaurante, copa e cozinha, e espaços de apoio; estendendo os restantes quartos e espaços comuns ao novo “edifício-empena” de fundo, de forma trapezoidal – assim pensado, de modo a reduzir o seu impacto urbano quando visto a partir do mar. 

O palacete é reabilitado nos seus espaços e elementos estruturais e ornamentais, típicos desta arquitetura revivalista – fachadas, paredes-mestras, pisos em madeira, tetos em maceira, pilastras, frisos, cornijas e telhados – mantendo ainda a sua relação original com as varandas, escadarias e jardins envolventes. 

Por contraste, o desenho do “edifício-empena” opta pela uniformidade compositiva e material, criando um “pano de fundo” abstrato e ritmado. As suas três fachadas estruturais são realizadas em betão aparente, com base em pilastras, muretes e fenestrações esguias de proporção vertical. É na tensão entres esses dois edifícios e atitudes – Revivalismo e Abstração – que se jogará o futuro deste passado arquitetónico, outrora condenado ao desenquadramento e esquecimento.

Equipa
Pedra Líquida
Cliente
Privado
Ano
2018